quarta-feira, 19 de abril de 2017

Meus Oito Anos (CASIMIRO José Marques de ABREU)






Oh! Que saudades que tenho
da aurora da minha vida,
da minha infância querida,
que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos,que flores,
naquelas tardes fagueiras
á sombra das bananeiras,
debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
do despontar da existência!
Respira a alma inocência,
Como perfumes a flor.
O mar é lago sereno;
o céu, um manto azulado;
o mundo um sonho dourado;
a vida, um hino de amor!

Que auroras,que sol,que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado de estrelas;
A terra, de aromas cheia;
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! Dias de minha infância!
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era,
nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
eu tinha nessas delícias
de minha mãe as carícias
e os beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
eu ia bem satisfeito,
de camisa aberta ao peito,
-pés descalços, braços nus, -
correndo pelas campinas,
á roda das cachoeiras,
atrás das asas ligeiras
das borboletas azuis

Naqueles tempos ditosos,
ia colher as pitangas
trepava atirar as mangas,
brincava á beira do mar;
rezava as Ave-Marias,
achava o céu sempre lindo,
adormecia sorrindo
e despertava a cantar!


Oh! Que saudades que tenho
da aurora da minha vida,
da minha infância querida,
que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
naquelas tardes fagueiras
á sombra das bananeiras,
debaixo dos laranjais!


Fonte: Meus Guardados

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